segunda-feira, 14 de maio de 2018

Pensamentos tortos

Tô sentindo coisas muito esquisitas esses últimos tempos. Tá bom, na verdade sempre senti... mas elas estão sendo potencializadas por alguma outra coisa e tá ficando tudo muito bizarro. Um exemplo é o seguinte: estou eu abrindo a geladeira para pegar água. Eu vejo a geladeira, minhas mãos a abrindo, a água caindo dentro do copo... mas também vejo o carro vermelho que passou ontem por mim enquanto eu voltava pra casa. Vejo as árvores, os fios de energia, as nuvens... É como quando uma tv mostra uma imagem fantasma. É como se meus sentidos e sensações misturassem o presente com o passado, de maneira que me deixa completamente confuso. Eu paro absorto às vezes enquanto estou dando aula, sentindo a areia da praia sob meus pés. As horas vão passando como se fossem segundos, os pensamentos vão ficando meio embaralhados e um sentimento extremamente forte de solidão vai me cercando. Honestamente, não estou conseguindo pensar direito em absolutamente nada. Vejo esse cursor piscando e nem mesmo sei o porquê de eu estar digitando isso.  Gostaria muito de não estar dentro da minha própria cabeça. Vou deitar agora.

domingo, 1 de abril de 2018

Jogo Perdido

A vida é um jogo perdido. Já parou pra pensar que você enfrentou uma improbabilidade ridícula e estonteantemente alta pra nascer e a única certeza absoluta que você tem é que vai morrer? Sério, é foda. Desde que nascemos, enfrentamos inúmeras dificuldades e temos, a todo instante, infinitas chances de morrer. Me sinto frequentemente em um jogo de vídeo game em que tenho que passar fases cheias de armadilhas pra sobreviver, só que tenho direito apenas a uma vida. Nessa vida, você não tem direito a mudar seus status, e você pode ter nascido com características que, por algum motivo arbitrário, irracional e completamente desprovido de sentido, outros jogadores não gostam, e vai ser perseguido por isso. Talvez você tenha que conviver essa vida inteira com julgamentos e olhares depreciativos, como se já não tivéssemos tantas outras coisas pra nos preocupar, escapando de acidentes, doenças (na medida do que está em nosso alcance), assaltos, violência, desastres naturais...  E no final, o que ganhamos? Absolutamente nada. Mas entende-se que o correto é chegar o mais longe possível. Chega a ser meio ridículo.

Há pessoas que acreditam que isso tudo é uma passagem, e que terão um futuro maravilhoso e infinito as esperando - apesar de eu achar extremamente chatas as versões que já ouvi falar desse futuro. Mas e eu, que não acredito em nada disso, o que devo esperar? Por que eu acordo todo dia? Por que devo me motivar a levantar e encarar esse jogo perdido? Eu entrei muitas vezes em parafuso e cheguei a pensar muito em apertar start e dar quit, pra parar de perder tempo. Muitos fazem isso todos os dias. E pensando dessa forma, como poderia julgá-los? O que eu sei é que eu gosto de dormir. Me faz esquecer de todas essas dificuldades que os olhos abertos me trazem. Quem sabe não seria interessante dormir pra sempre...

Mas aí lembro do sorriso da minha mãe. Lembro da voz do meu irmão. Lembro do cheiro do café. Lembro do dia que estava em uma floresta encantada, lutando para escapar de árvores que queriam me devorar e fui salvo por um ser mágico, que cantava com voz angelical e trazia paz; isso tudo acontecendo no meu quarto, somente na minha cabeça, enquanto eu segurava um livro. Lembro de conversas gostosas de madrugada, em que horas passavam como se fossem minutos. Essas coisas não são superficiais. E são essas coisas que me fazem querer viver, nem que seja mais um tantinho, pra que eu possa prová-las um pouco mais.

 Tanto faz o diploma que você possui ou quantas propriedades você tem. Tanto faz o carro no qual você anda ou o celular que você comprou. Daqui há 150 anos você não estará mais aqui pra usá-los. O que realmente vai ter importado é o que você sentiu. E não faz mal você se alegrar por uma dessas coisas como um carro ou um celular: se isso te traz alegria e sensações boas, então seja alegre! Só mantenha em mente o que são as coisas importantes pra você. Porque você já perdeu o jogo. Só te resta aproveitar enquanto a tv não desliga.

At home

Acho que descobri o que a gente sente quando encontramos o amor da vida. Nos sentimos em casa.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Foi comprovado cientificamente

Foi comprovado cientificamente que dizer a frase "foi comprovado cientificamente" à frente de alguma outra frase faz com que as pessoas se sintam mais seguras quanto à informação contida nesta e achem que é verdade. Engana muitos bobos. E, sim, foi mesmo comprovado cientificamente.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Dia ruim

      Há dias que são ruins. Hoje eu precisei acordar cedo para fazer algo. Peguei uma fila de duas horas, fui o primeiro a chegar e quase o último a sair porque peguei o papel errado (descobri isso mais tarde). Andei apressado para entregar o bendito papel e tomei um banho de lama de um ônibus porque estava andando mais rápido que algumas pessoas e acabei servindo de escudo para elas. Elas não se molharam em NENHUMA GOTA. Nenhumazinha, nem para satisfazer meu senso maquiavélico e meu sentimento de vingança.  Esbaforido, cheguei à porta do lugar para entregar o dito-cujo e, ao chegar, estava fechada - tinha fechado há uns 3 minutos. É a vida... Voltei para casa e fui tomar um estupendo banho de verdade. Que beleza, água limpa  e não mal cheirosa! :D O que acontece? Vou desligar o chuveiro e ele não fecha. Aí saio de toalha pela casa, escorregando em todo lugar para pegar uma chave inglesa e tentar consertar, em vão, aquele troço. Bom, não consertei, mas ele ficou uma tentação com aquele pano cor de rosa que amarrei para segurar a água, :D
      Certo. Tudo ok. Então começo a estudar. Mas a vida quer meu fim neste dia. Então, eis que olho para o pé da minha mesa e vejo meu gatinho preto olhando pra mim com ar de espanto. O detalhe é que meu gato não é preto. Era, na verdade, uma ratazana do tamanho do meu gato, apertando os olhinhos pra mim. DDD:
      O que faço? Tomo as rédeas da situação e exponho toda a força e esplendor de minha posição de macho alfa: Mãaaaaaaae, ele tá aqui, ele tá aqui!, em cima da cadeira. Calço o tênis - não é porque eu sou um macho alfa que eu vou deixar meus lindos pezinhos expostos para que esta criaturazinha horrenda os mordisque -, e vou à caça, com um pedaço de madeira na mão. E lá se vão mais de duas horas que usaria para estudar. E não acho a ratazana. Ai, ai, ai...
Vou para academia. Pra essa parte nem preciso dar detalhes, porque já é suficientemente ruim por si só. Pagar pra levantar peso? Tsc, tsc...
      Finalmente vou estudar, que alívio, :D Entro no quarto, ligo a luz e... nada. A luz queimou. A luZ DO MEU QUARTO QUEIMOU! Certo. Vou pra outro quarto tentar estudar na cama, que é algo que sempre me deixa com dores até nos ossos que foram extirpados pela evolução através das gerações. Separo os livros, ligo um extensão para ligar a fonte do notebook, aperto a o interruptor - essa luz, em questão, sempre demora um pouco para acender -, sento na cama e espero, com o livro na mão, para começar a estudar. Espero. No escuro. Com o livro na mão. Espero. Espero. Penso no rato. Espero. E. A. Luz. Não. Ligou. 
      Pronto, cheguei ao presente. Aqui estou (com os pés erguidos, para me proteger do rato), e já que não parece que não vou estudar mais, vou ficar aqui me protegendo da centelha mortal que foi destinada à mim hoje. Se eu sobreviver a este dia, juro que serei uma pessoa melhor. Ou não.

Ponto de acumulação

        Sabe o que é ponto de acumulação? Não? É um conceito matemático. Vou explicar de forma simplista. Seja x um ponto do espaço  e A um conjunto contido nesse espaço. Dizemos que esse ponto x é ponto de acumulação de A se, para toda vizinhança contendo x, essa vizinhança contém pontos de A (sem contar o próprio x). É como se, de fato, o conjunto A "se acumulasse" em volta de x. Também é como se sempre que você olhar em volta do x, tem um pouquinho do conjunto A em volta dele. Sempre. E não importa o quanto em volta você olhe: pode ser bem longe ou beeeem pertinho - um pouquinho do A sempre vai estar lá.
        Pois é. Falei isso porque estou me sentindo como se fosse um ponto. Mas não qualquer ponto. Um ponto de acumulação de um certo conjunto. Porque sempre que olho em volta de mim, há um pouquinho desse conjunto... Não importa o quão perto olho; sempre há. Vejo um pouquinho dele em todo lugar. E ser ponto de acumulação desse conjunto me faz pertencer a outro conjunto. O conjunto dos pontos felizes.